quarta-feira, 15 de agosto de 2012

DELEGADOS, PERITOS E ADMINISTRATIVOS DA POLÍCIA FEDERAL FAZEM NOVA PARALISAÇÃO



CATEGORIA DELIBERA EM ASSEMBLÉIA SOBRE NOVAS PARALISAÇÕES NOS DIAS 22, 23, 28 E 29, COM INDICATIVO DE GREVE POR TEMPO INDETERMINADO A PARTIR DE 30 DE AGOSTO

Os delegados federais em todo o Brasil estão de braços cruzados hoje, 15, como forma de cobrar um posicionamento do Governo quanto às reivindicações da categoria. O movimento faz parte do calendário de atividades do Mude PF (Movimento Unido em Defesa da Polícia Federal), o qual conta ainda com a participação de peritos e administrativos, em todas as unidades da Polícia Federal no país.




A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) convocou uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre os próximos passos da entidade. Em votação presencial nos Estados ou por meio eletrônico disponível no Espaço do Associado, a categoria decidirá se haverá novas paralisações nos dias 22, 23, 28 e 29, com indicativo de greve por tempo indeterminado a partir de 30 de agosto, caso o Governo não negocie.

O associado deve se informar com o diretor regional da ADPF em seu Estado sobre a realização da assembleia local. Se preferir participar pela internet, basta acessar o Espaço do Associado no site da ADPF e votar. 
NEGOCIAÇÕES. O Governo tem insistido que não tem condições de arcar com o reajuste salarial do funcionalismo. Entretanto, o discurso não encontra lastro nos indicadores oficiais. Em 1995, o percentual de gastos com despesas de pessoal em relação à despesa corrente da União era de 29,8%. Em abril deste ano, essa relação despencou para 14,2% (vide tabela).

A despesa de encargos para pagamento de pessoal está, atualmente, no patamar mais baixo desde 2002 – 4,3% do PIB, incluindo aposentados e pensionistas (vide gráfico). Fica claro que o país cresceu, arrecada mais, porém deixou de investir proporcionalmente no serviço público.

Por esse motivo, a ADPF conclama a categoria a se unir e, mais do que nunca, mostrar-se firme em suas reivindicações. Afinal, no período de 2002 a 2009, o delegado de PF foi a carreira do Poder Executivo que teve a menor variação salarial.
 DESVALORIZAÇÃO DESMOTIVA DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL 

Números que o Brasil desconhece 

Em média, 25 delegados de polícia federal deixam a instituição por ano;
No Senado Federal, há servidores de nível fundamental (copeiros, motoristas e ascensoristas) recebendo quase 30% a mais do que o salário inicial de um delegado da Polícia Federal;

Em 2009, o salário em final de carreira de um delegado da Polícia Federal se aproximava do salário em início de carreira de um juiz federal e de um promotor. Em 2011, a equivalência caiu para 90,5%. Se a recomposição pleiteada pelos delegados não acompanhar a proposta do Judiciário e do Ministério Público, um delegado da PF passará a receber apenas 76,6% do subsídio da magistratura e do Ministério Público;

Hoje, no final de carreira, um coronel da Polícia Militar e um delegado da Polícia Civil do Paraná já recebem mais do que um delegado da Polícia Federal;
No início de carreira, um delegado da Polícia Federal, cargo de nível superior, já ganha menos do que um policial legislativo, um posto que requer apenas nível médio e conta com atribuições infinitamente mais simples do que é feito na Polícia Federal;
Ser delegado de polícia federal exige grandes investimentos em qualificação constante. Hoje, o número de delegados com título de doutorado é 13 vezes maior que a média nacional;

A iniciativa privada já remunera melhor profissionais com qualificações similares a de um delegado de polícia federal. Um consultor de segurança ou inteligência percebe, em média, uma renda mensal de R$ 22 mil reais;

No período de 2002 a 2009, o delegado de PF foi a carreira do Poder Executivo que teve a menor variação salarial (70,8% em sete anos), enquanto outras carreiras chegaram a alcançar 552,8% ;

Um chefe de Delegacia na Polícia Civil do Distrito Federal é gratificado com função dez vezes superior ao valor percebido pelo titular de uma Delegacia da Polícia Federal;
Em 2011, a Polícia Federal perdeu 35% dos recursos. O orçamento do Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal (Funapol) sofreu um corte de 28% em cima da previsão orçamentária para 2011, que era de R$ 479 milhões. 

Na verba destinada exclusivamente ao custeio da PF o corte foi de 5% de um total previsto de R$ 375 milhões.Somando as duas unidades orçamentárias, a PF sofreu redução de um terço de seu orçamento, o que representa cerca de R$ 281 milhões por ano.
legados federais de braços cruzados por 24
Carta ao Povo Brasileiro

Com o objetivo de jogar a população contra a Polícia Federal, o Governo tem divulgado os subsídios brutos, sem os descontos legais, pagos aos seus servidores e tem afirmado que estão acima dos salários da iniciativa privada. Entretanto, a manobra não se sustenta. Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realizada para a Presidência da República, em 2009, revela em números absolutos, a diferença de renda média entre setor público e setor privado ocorre porque o público, especialmente no âmbito federal, tem um perfil de qualificação profissional muito melhor do que o privado. Para melhor compreensão, dados da pesquisa Sensus deste ano mostram que 19 delegados federais a cada grupo de mil possuem título de doutorado. O número é inclusive superior à média de países como Alemanha (15,4), Estados Unidos (8,4), Canadá (6,5) e Austrália (5,9). Além disso, 4,3% dos delegados possuem mestrado e 46,6% curso de pós-graduação.
O Governo sabe disso, mas prefere manipular a opinião pública para se esquivar da obrigação de cumprir a Constituição Federal. Ignora o pleito defendido pelos delegados da Polícia Federal, assim como qualquer outro trabalhador brasileiro, seja da iniciativa privada ou do setor público, de ver respeitado o direito de reajuste anual do salário para manutenção de seu poder aquisitivo. Entretanto, ano a ano, os delegados federais assistem ao encolhimento de seus rendimentos. Levando em conta a inflação (IPCA), de novembro de 2001 a agosto de 2012, se conclui que o subsídio de 2012 na Polícia Federal é menor do que o pago em 2001.
O Governo Federal prefere esquecer que investir na Polícia Federal significa evitar que bilhões de reais sejam desviados anualmente dos cofres públicos pela criminalidade organizada. Somente nos últimos sete anos, os delegados da Polícia Federal presidiram 1.466 grandes operações contra criminosos de alta periculosidade que lesam os cofres públicos em milhões de reais. Significa dizer que, a cada nova operação da Polícia Federal, o Estado poupa recursos que podem ser aplicados em Saúde, Educação, Infraestrutura, Habitação e programas de geração de renda. Para citar um exemplo, apenas no Caso Banestado os recursos fiscais recuperados chegam a mais de R$ 8 bilhões de reais.
Por tudo isso, o discurso vazio do Executivo não conseguirá comprometer a credibilidade dos servidores da Polícia Federal, instituição que conta com 60% de aprovação popular segundo pesquisa Ibope de 2012.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA FEDERAL (ADPF) ho

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